Trabalho
CENTRO DE HUMANIDADES II – CHII
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
“SOB O SIGNO DE ADÃO”: MORAL, RELIGIOSIDADE E MASCULINIDADES NAS VISITAS DO SANTO OFÍCIO À COLÔNIA BRASÍLICA (1591-1621)
Breno Jorginay Gomes Oliveira
PROJETO DE PESQUISA REQUERIDO AO FINAL DA DISCIPLINA DE MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA HISTÓRICA II
LINHA DE PESQUISA: CULTURA E PODER
Fortaleza, junho de 2014.
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA “depois de ter algum tempo o dito Diogo Botelho o tratar com muitos mimos e favores, o fez deitar consigo na cama e veio a dormir com ele carnalmente, pela parte traseira, efetuando o pecado nefando de sodomia, a primeira noite uma vez somente per força e contra vontade dele, confitente e com medo de o dito cúmplice o matar, não se atreveu a gritar. E depois, por espaço de dez anos continuou em cometer o dito pecado nefando com ele...”¹ Assim falou Fernão Rois de Sousa, em denúncia feita durante a segunda visita do tribunal do Santo Ofício ao Brasil chefiada por Marcos Teixeira. Nascido em Vila Galega, amante do então governador geral do Brasil, duas décadas e meia de idade e cristão-velho, o homem acusava Diogo Botelho do segundo crime mais condenado pelo inquisição ibérica nas terras brasis, ficando atrás apenas da blasfêmia, e o fazia por livre e espontânea vontade, quiçá pressionado pelo modo de atuação do tribunal. No contexto de expansão do império maritimo português e adaptação do colonizador às terras conquistadas, a Igreja surge como importante elemento apaziguador e aglutinador de ideias concordantes com essa lógica colonialista. Como nos diz Anita Novisky “apesar de todo o aparato religioso e da auréola divina com que o Tribunal da Inquisição se revestiu, apesar das funções ‘santas’ que alegou, foi uma instituição vinculada ao Estado. Respondeu aos interesses das facções do poder: coroa, nobreza e clero.² ”. Segundo ainda a lógica da Igreja, o nefando ou crime de sodomia, seria extremamente