Trabalho
Trabalhando imagens em preto e branco ou envelhecidas, tendo como pano de fundo uma trilha sonora belíssima e comovente – por vezes nostálgica e melancólica – de Win Mertens (exceção para a sequência Garrincha-Fred Astaire, em que os efeitos sonoros e música são de André Abujamra), exibe a vida como um poema visual, sem diálogos. Alguns poucos textos curtos aparecem escritos na tela de quando em vez, como palavras determinantes, identificadoras, importantes para conferir sentido e ampliar em muito a força das imagens. O modo de apresentação das cenas (imagens superpostas que vão se sucedendo num piscar de olhos, com música ao fundo) reforça a ideia de brevidade e confere um caráter onírico à vida, transmitindo a sensação do quanto passamos rápido por este mundo – como se fosse um sonho –, ao mesmo tempo em que concede um aspecto sagrado às coisas cotidianas: trabalho, arte, lazer e morte. Por isso diria que é uma obra POÉTICA.
Tecendo um discurso onde a dualidade criação-destruição e as pulsões de vida e morte dialogam o tempo todo para, enfim, afirmar, reafirmar e confirmar a finitude da condição humana (enquanto presença e permanência material de um corpo físico neste planeta), o