trabalho
Coerção e seus efeitos
Toda base do controle social sobre os comportamentos dos indivíduos jaz no uso da coerção. A coerção é o uso da punição e do reforçamento negativo para conseguir que os outros ajam como gostaríamos e a prática de recompensar pessoas deixando-as escapar de nossas punições e ameaças (Sidman, 1995). Ou seja, implantamos um regime de medo, onde tudo que eu faço é para escapar de uma conseqüência ruim. Para Skinner (2002), o fato é que nossa cultura está impregnada da presença do controle aversivo como modelo de controle do comportamento. Seja nas relações interpessoais, nas instituições educacionais, governamentais, legais ou religiosas, a sociedade exerce o controle sobre o indivíduo através da coerção. ( Livia Silva Fetal)
Ora, o que isso tem demais? A prática padrão em nossa sociedade há anos é essa. O problema é que mesmo quando a coerção atinge seu objetivo, ela está fadada a falhar. Podemos fazer as pessoas fazer o que queremos através da punição ou da ameaça de punição, mas a longo prazo os efeitos da coerção são desastrosos. O que a Análise do Comportamento vem demonstrando nas pesquisas é que, a longo prazo, a coerção gera violência, depressão, ansiedade e comportamentos de subterfúgio nos indivíduos (Patterson, Derbayshe & Ramsey, 1989; Webster-Stratton, 1991; Salvo, Silvares & Toni 2005; Bender & cols., 2007).
Segundo Sidman (1995) um sistema de justiça baseado apenas na punição por transgredir a lei realmente mantém muitas pessoas no caminho certo e provê satisfação para aqueles que buscam revanche sobre os transgressores. Entretanto, um código penal coercitivo também gera, para muitos que estão sujeitos ao sistema, subterfúgio e desobediência e, para muitos que administram e fazem cumprir o sistema, brutalidade. Nesse sentido, uma pessoa condenada pelo sistema judicial à cadeia, e submetida há anos a um sistema penitenciário violento, bruto, coercitivo, tende a