Trabalho
A rodovia Transamazônica foi idealizada durante o regime militar, no governo Médici
(1969-1974), para cortar o norte do território brasileiro de leste a oeste e promover a
“integração nacional”. A construção de seus 4 mil quilômetros – que iriam da Paraíba ao
Acre, chegando à fronteira com o Peru – representava um empreendimento faraônico para a época, algo digno de um país em crescimento, “a última grande aventura do século”, segundo a propaganda de Estado. Após alguns anos, as obras de diversos trechos da rodovia foram paralisadas e, com o passar do tempo, a Transamazônica converteu-se em um cenário de promessas não realizadas, longos vazios e esperas, ruínas do que nunca chegou a ser.
( Imagem moderna)
Durante um mês, em 2011, Romy Pocztaruk percorreu grande parte do trajeto da rodovia para encontrar o que resistiu do projeto ou o que nasceu nas pequenas cidades do entorno à sua revelia. A viagem propunha a vivência de uma espécie de conquista do território e do imaginário que, apesar de tomados como símbolo de uma identidade nacionalista, permanecem inacessíveis e estigmatizados até hoje. O resultado foi uma pesquisa de fotografia documental em que não só Pocztaruk mas também possíveis retratados não entraram em cena e predominaram registros de seus lugares de trânsito e vida. Apesar de esvaziados pela direção fotográfica, casas, parques e ruas apresentam uma dimensão humana em detalhes de sua ambiência e cultura material.
( Imagem antiga)
Com quarenta anos de atraso, alguns trechos da pavimentação da
Transamazônica foram retomados no ano da viagem, e logo depois interrompidos mais uma vez. A despeito da infraestrutura e da imagem formada da rodovia como monumento do progresso nacional, o projeto A
última aventura reúne argumentos para a reabertura de um debate sobre os modos de conduzir e efetivar uma transformação social – no caso, por meio da simulação de uma possibilidade de trânsito, de uma