trabalho
A polêmica sobre a futura distribuição do chamado “kit gay” nas escolas ganhou novos capítulos nos últimos dias. A presidente Dilma Rousseff decidiu vetar a distribuição do material de combate ao preconceito contra homossexuais, elaborado por organizações não-governamentais em parceria com o Ministério da Educação (MEC). Mas o ministro da Educação, Fernando Haddad, já avisou que pretende refazer o kit do projeto e distribuí-lo ainda neste ano. Em 1993, reportagem de VEJA trazia em levantamento inédito sobre a visão dos brasileiros a respeito dos homossexuais. O que se retrata, ali, é um quadro de mal-estar. Mais de uma década depois, percebe-se que a orientação sexual ainda é e vai ser por muito tempo uma questão complexa e tensa no seio das famílias. Isso muda muito lentamente. O que mudou muito rapidamente, porém, foi a maneira como a homossexualidade é encarada por adolescentes e jovens no Brasil.
Em VEJA de 12/5/1993: O que é ser gay no Brasil
A pesquisa, publicada por VEJA com exclusividade, ouviu 2.000 pessoas no país inteiro. Informa que 36% dos brasileiros não dariam emprego a uma pessoa – mesmo sabendo que é a mais qualificada profissionalmente para o cargo – se soubessem que se trata de um homossexual. Também diz que 56% seriam capazes de se afastar de um colega na mesma condição. Segundo o Ibope, 45% seriam capazes de mudar de médico por esse motivo. Conforme as estatísticas do Grupo Gay da Bahia, o mais ativo do país, podem ser contabilizadas 1.200 mortes violentas de homossexuais nos últimos doze anos. Não é de admirar, portanto, que a maioria absoluta dos homossexuais prefira manter sua condição em segredo. Nesse meio onde não existem estatísticas seguras, e cujo volume é calculado, pela maioria dos estudiosos, em 5% da população, ou 7,5 milhões de pessoas, todos sabem o benefício das sombras. A vida dos homossexuais brasileiros, hoje, é