Trabalho
6.1.A formação de impressões mútuas e as suas potenciais consequências
“[O’Connell2] concluiu que as pessoas atraentes são mais acreditadas do que as não atraentes, explicando assim por que razão líderes como John F. Kennedy e Bill Clinton conseguiram ‘safar-se’ da maneira que o fizeram.”
Pease e Pease (2005: 171)
As entrevistas de seleção são um dos métodos mais frequentemente utilizados pelas empresas para selecionar candidatos a emprego. Algumas ficam a cargo de organizações especializadas contratadas para o efeito. Todavia, mesmo nesses casos, a última palavra cabe à empresa que pretende empregar os candidatos – sendo comum recorrer à entrevista para escolher o pequeno rol de candidatos que a organização especializada lhe sugere.
O objetivo da entrevista é prever os desempenhos dos candidatos. Para que essa predição seja fiável, é necessário captar a informação mais pertinente sobre os entrevistados – seja a que estes expõem de modo franco e aberto, seja a que não explicitam mas deixam passar nas “entrelinhas” das mensagens não-verbais. Todavia, entrevistadores e entrevistados, quanto interagem no seio de uma entrevista, não são completamente desconhecidas entre si:
Os entrevistadores poderão já ter formado imagens do candidato através dos documentos de candidatura (e.g., fotografia, curriculum vitae) e/ou da informação que a empresa de recrutamento especializada lhes facultou.
Os candidatos poderão já ter obtido indicações sobre a empresa em relatos de imprensa, no website da empresa, na publicidade, ou em conversas com outras pessoas.
1 Esta secção é amplamente inspirada em Cunha, Rego, Cunha, Cardoso, Marques, e Gomes (2010).
2 O’Connell (1998).
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Frequentemente, os entrevistadores procuram, durante a entrevista, confirmar impressões que formaram nessas fases prévias. Consequentemente, conduzem a entrevista de um modo que lhes permita testar essa suposição prévia – em vez de