Trabalho
Eu digo sempre que a linguagem é a vestimenta de um texto. Você organiza bem as idéias, aborda de forma competente o tema, quase não comete erros abusivos de ordem gramatical, mas, se não “veste” de maneira encantadora sua dissertação, parece que todo o trabalho ficou pela metade. A linguagem - mãe da expressividade textual – é o que arranca suspiros e arrepia a sensibilidade do bom leitor. Com isso, não quero dizer que prover o texto com uma boa linguagem é inserir palavras difíceis, utilizar-se de um Português castiço, decorar dicionários ou valer-se de “expressões consagradas” para impressionar a banca de corretores das redações de vestibular. Nada disso.
Comece a compreender que sua dificuldade em dar expressividade ao seu texto tem origem na irregularidade com que você escreve; mais ainda: na precariedade do seu nível de leitura. Alunos pré-vestibulandos clássicos, ou concorrentes ao Enem são convidados à prática de redação, geralmente de quinze em quinze dias. Contando apenas os que ficam em sala e escrevem o texto (que não são muitos), essa periodicidade quinzenal condena o estudante a uma relação superficial e pobre com a vivência redacional. De outra forma, a leitura obrigatória de tantos livros indicados pelas universidades tira o prazer da assimilação natural da obra, particularmente de sua riqueza lingüística. Fica, assim, o candidato a redator no vestibular com sua linguagem limitada ao baú de ORALIDADES incorporadas pelo largo exercício da comunicação oral, em detrimento da comunicação escrita. É a presença de CLICHÊS ou CHAVÕES, expressões desgastadas e “batidas”, com alto grau de previsibilidade que empobrecem o texto; é o “ritmo de conversa arrastada”, que tira o prazer da leitura e denuncia o total desconhecimento do aluno da PONTUAÇÃO adequada a um texto escrito; é a REPETIÇÃO ABUSIVA DE PALAVRAS, recorrência fatal de quem possui um vocabulário indigente. Tudo isso, além de