Trabalho
Aníbal Cavaco Silva
1. Nos anos recentes, o termo globalização invadiu os meios de comunicação social devido, principalmente, às manifestações ruidosas, algumas delas violentas, organizadas contra as reuniões cimeiras de chefes de Governo dos países industrializados. Mais recentemente, o interesse pelo tema foi suscitado a propósito da Conferência sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, que teve lugar em Monterrey, no México, e da Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo, na África do Sul.
Tenho a sensação de que em Portugal, tal como noutros países, muitos dos que opinam sobre a globalização têm sobre ela uma ideia muito imprecisa, incompleta ou mesmo errada.
A globalização, ou mundialização como alguns preferem, traduz a crescente interligação e interdependência entre os países em resultado da liberalização dos fluxos internacionais de comércio, de capitais, de tecnologias e de informação e do aumento da mobilidade das pessoas que se têm vindo a verificar depois da 2ª guerra mundial.
Não é um processo novo. Nos finais do século XIX e princípios do século XX, verificou-se um movimento de integração económica internacional de proporções não menos fortes do que aquele a que se tem assistido nos últimos 50 anos. Chegou ao fim com a onda de nacionalismo e proteccionismo que varreu o globo no período 1914-1945.
São vários os factores impulsionadores da globalização de que hoje tanto se fala.
Por um lado, a redução das barreiras aos movimentos internacionais de mercadorias, serviços e capitais que tinham sido erguidas nos anos 30 e a diminuição substancial dos custos de transporte.
As transacções diárias nos mercados cambiais no mundo ultrapassam hoje 3 triliões de euros, trinta e cinco vezes mais do que no princípio dos anos 80.
Por outro lado, a globalização tem sido impulsionada pela redução dos custos de comunicação e difusão de informação e ideias, em resultado dos