Trabalho
Peter Achinstein
Universidade de Johns Hopkins
O problema da demarcação consiste em distinguir a ciência das disciplinas não científicas que também pretendem fazer afirmações verdadeiras sobre o mundo. Os filósofos da ciência foram propondo vários critérios, incluindo o de que a ciência, diferentemente da não-ciência, 1) é empírica, 2) procura certezas, 3) procede utilizando um método científico, 4) descreve o mundo observável, não um mundo não observável e 5) é cumulativa e progride.
Os filósofos da ciência apresentam-nos pontos de vista discordantes acerca destes critérios. Alguns rejeitam completamente um ou mais deles. Por exemplo, enquanto alguns aceitam a ideia de que a ciência é empírica, os racionalistas rejeitam-na, pelo menos no que toca aos princípios fundamentais acerca do espaço, da matéria ou do movimento. Surgem divergências até mesmo entre os empiristas; por exemplo, entre aqueles que advogam que os princípios científicos devem ser verificáveis e aqueles que negam esta possibilidade, exigindo apenas a sua falsificabilidade.
Algumas versões destes cinco critérios — considerados como metas a atingir — poderão ser defensáveis. 1. "Em que consiste o problema e quando se coloca?"
A expressão "problema da demarcação" foi introduzida por Popper para se referir "ao problema de se encontrar um critério que nos permitisse distinguir as ciências empíricas, por um lado, da matemática e da lógica, entendidos como sistemas metafísicos, por outro" ([1934] 1959: 34).
Apesar de Popper se referir à matemática e à lógica, outros autores preocupam-se em distinguir a ciência da metafísica e da pseudociência.
Alguns filósofos, incluindo Popper, colocam o problema movidos por um desejo intelectual de clarificar esta distinção. Os positivistas lógicos tinham também o objectivo de deitar por terra as disciplinas não científicas, tais como a metafísica e a teologia, as quais parecem descrever o mundo físico mas que, por