trabalho
O poeta usa seu poema como bloco de tarefas, como se cada transcrição fosse um jeito de se convencer sobre o que ainda falta. Nota-se uma certa agonia quanto ao que se tem pra fazer e vê-se que cada necessidade faz parte de uma conceituação coletiva, como se todas as pessoas tivessem que acreditar e odiar seguindo um padrão. Ratifica-se este pensamento com conceitos coletivos de cada época. O poeta diz que é preciso aprender 'volapuque', língua mundial criada por um padre que acreditou ter um sonho no qual Deus lhe mandava criar uma língua universal, diz que deve-se ler Baudelaire, escritor e precursor do Simbolismo e conhecido como fundador da tradição moderna de poesia além de dizer que é preciso odiar Melquíades, papa cristão perseguido com seus seguidores pelo Imperador Máximo até a vitória de Constantino e a elaboração do Edito de Milão. Para o poeta a vida é incompleta e só, talvez, anunciando o fim do mundo é que se acaba o que se tem para fazer.
O poema é marcado pela constante utilização de anáfora que consiste na repetição de palavras ou frase no início de versos. Fonte
Poema da Necessidade
É preciso casar joão, é preciso suportar antônio, é preciso odiar melquíades, é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país, é preciso crer em deus, é preciso pagar as dívidas, é preciso comprar um rádio, é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque, é preciso estar sempre bêbedo, é preciso ler baudelaire, é preciso colher as flores de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens, é preciso não assassiná-los, é preciso ter mãos pálidas e anunciar o FIM DO