trabalho
Aprisionados no interior da África subsaariana, por outros africanos que lucravam com o tráfico, os escravos eram trazidos emmarcha forçada até o litoral do continente, onde os sobreviventes, que não haviam sido comercializados localmente, eram despojados de suas roupas e eventuais pequenos pertences que ainda carregassem consigo, para serem vendidos aos comerciantes europeus, que os embarcavam nos navios negreiros. Neles, os escravos eram destinados aos porões da embarcação, onde ficavam presos em grupos às correntes. Cada navio, levava em média quatrocentos africanos amontoados. O mau-cheiro imperava, e o espaço para movimentação era mínimo, porque embora navios deste tipo fossem geralmente grandes, se otimizava o espaço do mesmo para caber o maior numero possível de escravos.
A história dos navios negreiros é das mais comoventes. Homens, mulheres e crianças eram transportados amontoados em compartimentos minúsculos dos navios, escuros e sem nenhuma cuidado com a higiene. Conviviam no mesmo local, a fome, a sede, as doenças, a sujeira, os agonizantes e os mortos. Em média transportava-se 400 negros em cada compartimento desses.
O Navio Negreiro é um dos poemas mais significativos do romantismo brasileiro. Enquanto outros poetas como Gonçalves Dias, tomam o índio como herói, Castro Alves tomou o negro, nada estético, tido como de casta inferior na sociedade, sem nenhum valor mítico.
A temática social abordada por Castro Alves, explicitada na denúncia dos horrores da escravidão e na luta pela sua abolição, difere por completo dos tópicos recorrentes na fase do Ultra-Romantismo ou "Mal do Século", representados por poemas que abordam, num universo de pessimismo e angústia, os seguintes aspectos: individualismo, solidão, melancolia, frustração e morte.
Um dos mais conhecidos