Trabalho
O povo negro teve dificuldade de se organizar na nova situação: a I República fomentou um clima desfavorável à sua atividade política. Sem espaço na política institucional e nos sindicatos, ele desenvolveu formas de atuação amparadas numa imprensa própria surgida nas primeiras décadas do século XX: O Menelik (1915), A Rua (1916), O Alfinete (1918), A Liberdade (1919), A Sentinela (1920), O Getulino e o Clarim d’ Alvorada (fundado, também em 1924, por José Correia Leite e Jaime de Aguiar). Nessa época, se falava em organização e conscientização dos homens de cor: só mais tarde que o termo negro passou a ser aceito.
Essas iniciativas confluíram para a articulação de um grande movimento de massas: a Frente Negra Brasileira. O negro começava a construir seu próprio espaço de atuação com o objetivo de influir no jogo político. Essa iniciativa fomentava a tendência de “arregimentar o negro” com fins próprios, tanto no terreno eleitoral quanto, em sentido mais amplo, como grupo social integrado, autônomo e capaz de manejar livremente, em fins próprios, sua parcela de poder político.” (Fernandes, 1965: 21)
Fundada em 16 de setembro de 1931, a Frente Negra Brasileira expressava as inquietações e ansiedades do negro que, nesses anos, manifestava-se com vigor contra o preconceito racial e por sua elevação à cidadania. Essa organização buscava congregar todos os grupos existentes no meio negro e estimulá-los a enfrentarem os tabus e preconceitos, se organizando coletivamente para defender seus interesses específicos.
A Frente Negra publicou o jornal A Voz da Raça e sua sede ficava na Rua da liberdade, 196 (São Paulo, Capital). Florestan Fernandes descreve sua organização:
“Por seus estatutos, ela se reconhecia como tendo por fim promover a “união política e social da Gente Negra Nacional, para afirmação dos direitos históricos da mesma, em virtude de sua atividade material e moral no passado e para reivindicação de seus direitos sociais e