trabalho
Elisa – a exaltação e idealização
Alta, esbelta, ondulosa, digna da comparação bíblica da palmeira ao vento. Cabelos negros, lustrosos e ricos, em bandós ondeados. Uma carnação de camélia muito fresca. Olhos negros, líquidos, quebrados, tristes, de longas pestanas...
O Realismo traz características como retratação fiel das personagens, bem como interpretação de seu caráter e ainda determinismo, relação de causa e efeito e detalhes específicos. Sendo reflexo das profundas transformações econômicas, sociais, políticas e culturais da segunda metade do século XIX, ele introduz na literatura a oportunidade de abordar de forma crítica, participativa e objetiva a realidade do momento.
Caracterizado como ultrarromântico, José Matias é considerado um herói problemático e as análises do narrador no decorrer da história vão mostrando a oposição entre espírito e matéria personificados em José Matias e em Elisa, num percurso todo feito de desejos e renúncias e contradições que não se resolvem, desse drama que se alimenta na tensão entre um amor que vive de olhares inflamados trocados de um jardim para o outro, com o muro de permeio. Elisa, no esplendor de sua juventude, viúva de Matos Miranda, casa-se com Torres Nogueira, uma vez que José Matias a repudiara. Viúva pela segunda vez, ela arranja um amante, o Apontador de Obras Públicas, com quem entretém relações numa nova casa, distante da casa da Parreira. A história amorosa narrada fala de um amor contemplativo, espiritual, platônico, idealizado e cortês, que José Matias cultiva por Elisa.
COELHO, Maria da Conceição & Maria Teresa Azinheira. 1996.
Eça de Queirós: contos Lisboa: Europa-América.
GUERRA DA CAL, Ernesto. 1969. Língua e estilo de Eça de Queiroz. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro
QUEIROZ, Eça