trabalho
Foto de satélite: Pequena bacia hidrográfica (42 ha)
[EcoDebate] Ao passar sobre uma ponte, na cidade ou no campo, fico a imaginar, por várias vezes, se outras pessoas que fazem o mesmo já tiveram a curiosidade que sempre me assalta: de onde vem aquele curso d’água? Ele é um caminho pelo qual serpenteiam volumes de água. E caminhos têm sempre os seus inícios. Se for uma grande ponte sobre o Velho Chico, muitos vão dizer que o início está na Serra da Canastra. Isso foi aprendido na escola e está parcialmente correto.
As nascentes são os inícios de pequenos córregos que, ao se juntarem, formam ribeirões e rios. Grandes rios como o Velho Chico são formados por inúmeros córregos, com muitos inícios, e o da Serra da Canastra é oficialmente o mais distante, só isso, pois todos os outros são tão importantes quanto ele. E nascentes são manifestações superficiais de água armazenada nos chamados lençóis subterrâneos que são abastecidos por parte das águas de chuvas que penetram no solo pelo fenômeno conhecido por infiltração. Tudo isso faz parte do ciclo hidrológico, cujo entendimento não pode ficar restrito apenas àquela forma descritiva vista na escola, ou, no outro extremo, confiscado pelos engenheiros em equações matemáticas e em representações que não estão ao alcance de quem não tem formação específica.
Eu sou especialista em hidrologia aplicada ao manejo de pequenas bacias hidrográficas, onde estão as nascentes, e, de uns tempos para cá, depois de me aposentar como professor universitário, resolvi dedicar-me à divulgação dos conhecimentos hidrológicos em forma acessível ao público em geral. O objetivo é fazer com que todos possam ter a mesma curiosidade que eu tenho ao cruzar uma ponte e ter idéia dos vários processos envolvidos na formação e manutenção do curso d’água que passa sob ela. Eu só acredito na otimização do ciclo hidrológico para suprimento de água se a comunidade estiver consciente do