A ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA Além do conhecimento teórico, a sensibilidade e capacidade empática do médico são componentes fundamentais da sua eficácia durante a entrevista de um paciente psiquiátrico. Isso não é o mesmo que o oferecimento de um ouvido compreensivo. Empatia é a capacidade de colocar-se na situação de uma outra pessoa e então se aproximar do que aquela pessoa sente naquela situação, é um esforço que vai além da simples compaixão pela infelicidade do outro. Desta feita, a habilidade de entrevistar não é simplesmente uma questão de ser gentil com os pacientes ou de aceitar placidamente suas características e considerar as agruras psicossociais: a comunicação médico–paciente é praticamente a única ferramenta para a propedêutica e o diagnóstico psiquiátricos, o que faz dela o centro dessa discussão. A postura do médico deve ser de suporte e compreensão, garantindo ao paciente um ambiente seguro em que ele possa se abrir, mesmo quando houver pouco tempo disponível. Inicialmente se costuma deixar o paciente falar livremente, expondo sua queixa, enquanto já se avalia seu psiquismo. Num segundo momento, o médico deve inquirir detalhes e esclarecer pontos que tenham ficado obscuros; as perguntas devem ser no início de caráter mais geral, aprofundando-se conforme a entrevista progride. As perguntas mais dirigidas devem ser preferencialmente feitas de modo confirmatório, evitando a indução de respostas (por exemplo: “O senhor quer dizer com isso que está sentindo tristeza?” ao invés de “O senhor está triste?”). Após formular as hipóteses diagnósticas, deve-se expô-las de forma clara e inteligível, bem como qual a conduta a ser tomada, sendo útil reservar um momento final para as inevitáveis dúvidas que surgirão. Tais momentos devem ser dosados e divididos conforme as características do paciente, do médico e do contexto em que ocorre a anamnese. Manejo do Tempo, Setting e Anotações O tempo