trabalho
“O Lenhador”, filme de Nicole Kassel, lançado em 2004 traz importantes elementos para entendermos a pedofilia no contexto atual. Ele conta a história de Walter, pedófilo condenado a 12 anos de prisão, em sua volta a sociedade e todos os problemas e desafios que essa acarreta. É o duro processo de adaptação a legislação e aos costumes sociais(Lei) de um perverso, que não tem a Lei instaurada psiquicamente, se colocando no lugar do legislador( Caligaris,1989). Durante esse processo, Walter lida com pré-conceitos no trabalho, com um relacionamento com uma nova namorada, com o supervisor de condicional que lhe trata “como um merdinha”(nas palavras do protagonista) e com a freqüente tentação de reincidir em atos de pedofilia. O filme retrata bem o sofrimento do pedófilo, devido à particularidade do seu desejo, que é visto pela sociedade como monstruoso. Indiretamente fala também das possibilidades de cura na perversão.
Introdução Teórica a Perversão
Mas antes de tudo, vamos partir para uma sucinta delimitação do campo das perversões e especificar o lugar que a pedofilia ocupa neste. Segundo Freud escreve no seu primeiro dos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”(1905), as “aberrações sexuais” podem ser desvios de objeto(pessoa que exerce atração sexual) e alvo(a ação para qual a pulsão impele), sempre vistos em relação ao coito heterossexual como padrão. A pedofilia seria um desvio de objeto, mas na visão de Freud, talvez um pouco liberal demais nesse caso, só constituiria patologia quando a criança fosse o único objeto de desejo sexual. A perversão na concepção freudiana seria um desvio em relação ao ato sexual normal, ou seja, coito genital com ser humano de outro sexo e já com corpo desenvolvido sexualmente, como alvo final de uma relação sexual.
Porém, “a perversão não é uma simples aberração da conjunção sexual em relação aos critérios sociais estabelecidos” (Chemama,1995). A estrutura perversa resulta de uma relação particular com a