trabalho
Uma das personalidades mais marcantes na música popular, literatura e cultura do Brasil nasceu em 19 de outubro de 1913
por Zuza Homem de Mello
19 de outubro, 2013
Não é raro que jovens de minha geração – classe de 1933 – ousassem atingir o coração de suas namoradas valendo-se de versos de Vinicius de Moraes. Algumas linhas num cartão ou até um soneto completo reproduzido em bonita folha de papel importado, junto com um chique bouquet de strelizias da Floricultura Rinaldi da praça de República, era infalível. Não como arma de sedução, em absoluto. Como um agrado.
Costumávamos também ler com avidez as crônicas e críticas de cinema, o que trouxesse sua assinatura. Vinicius era referência na área cultural e romântica para jovens brasileiros de então.
Quando aconteceu o espetáculo “Orfeu da Conceição” no Teatro Municipal do Rio, nós, de São Paulo, tivemos de nos contentar com o LP de 10 polegadas da Odeon com capa de Raimundo Nogueira e texto de Vinicius envolvendo as oito faixas. Era uma grande música brasileira para jovens, abria-se outra janela daquele Vinicius que conhecíamos como poeta, a da música popular. A grande novidade para as aspirações da juventude mais inquieta na música tinha duas palavras: Tom e Vinicius, ou Vinicius e Tom como manda a regra universal dos nomes dos autores, o do letrista em primeiro lugar.
Passam-se os tempos e surge “Canção do Amor Demais”. Aí pirei. Numa atitude enxerida de simples colunista de jazz na Folha da Noite, ousei escrever um artigo sob a forma de carta ao responsável por música popular no jornal. E foi publicado. Era uma apologia às canções do LP ponto de partida para a Bossa Nova. Nem parece, mas no ano que vem vai fazer 50 anos que isso aconteceu.
Neste ano acaba de ser publicado um precioso documento sobre o poeta-diplomata-capitão-do-mato Vinicius de Moraes, um livro tão lindo quão valioso, na esteira de publicações do mais alto nível editorial