Trabalho
A invasão dos bárbaros Nos países desenvolvidos, há uma neurose nova: a invasão dos bárbaros . Não é mais aquele temor que no passado acometia as cidades- Estado, a confrontação dos impérios com as hordas desconhecidas que avançam para o saque e a destruição. Não são os hunos, nem os turcos, nem os mongóis: são os emigrantes fugitivos da miséria, desejosos de melhor futuro, que se esgueiram pelos aeroportos, se escondem nas estradas, atravessam, sorrateiros, rios e cercas de arame farpado, enfrentam policiais, leis de restrição à imigração. A Europa está ferida por essa face das migrações humanas. Nos Estados Unidos, a sociedade fracionada, de tantos grupos e etnias, recusa-se a aceitá-los, repelindo suas culturas e suas crenças. Nessa paisagem humana, o exemplo da América latina é diferente. Nossas raízes ibéricas trouxeram a capacidade de promover a miscigenação cultural. Quando ocorreu o encontro entre as civilizações pré-colombianas e pré-cabralinas, os colonizadores foram capazes de superar a tragédia do enfrentamento e de começar um processo de assimilação e mestiçagem que construiu a sociedade racial que temos, com valores próprios, expressão da nova identidade. Com eles resistimos à uniformização da globalização. A globalização econômica é incompatível com a globalização das raças. Aquela quer um mundo de ricos e faz com que os outros se afastem e fiquem presos à miséria, ao desemprego e à fome. O Brasil, particularmente, já venceu o gargalo da segregação racial. Temos uma sociedade democrática, fora das superioridades étnicas. Nossas discriminações são outras: a maior de todas é a da concentração de renda, que gera problemas sociais. Esses, sim, nos separam, o que é uma coisa bárbara, mas sem a fobia de bárbaros.
1- Segundo o texto,
a) Em muitos países desenvolvidos, há a propagação da doença nervosa, gerada pela globalização.
b) Os bárbaros voltaram a invadir os países