Trabalho
Nos idos dos anos 1950, o sociólogo Oracy Nogueira (1917-1996) elaborou uma das mais fecundas análises sobre o preconceito racial e as relações raciais no Brasil ao cunhar o conceito de preconceito de
Marca. Este conceito foi desenvolvido ao longo de um percurso de pesquisa e de estudos em uma época em que as ciências sociais iniciavam a sua institucionalização no país. O Objetivo deste breve artigo é fornecer ao leitor um panorama geral do caminho de reflexão percorrido pelo autor e, ao mesmo tempo, apresentar uma também breve biografia do autor para quem ainda não o conhece.1
Breve Biografia
Oracy Nogueira (1917-1996) nasceu em Cunha, São Paulo, filho de professores normalistas, brancos e católicos. A família mudou-se para Catanduva em 1928 e, poucos anos depois para Botucatu, onde Oracy completou o ginásio e trabalhou como repórter e redator do jornal local, o Correio de Botucatu. Nessa época, Oracy aderiu ao Partido Comunista, ao qual estaria filiado até os anos 1960. Com 19 anos, isolou-se para tratamento de tuberculose em São José dos Campos, fato que logo se tornaria significativo na definição de seus interesses intelectuais. Nesse ínterim, sua família mudou-se para São Paulo, onde Oracy, já refeito, formou-se professor primário. Em 1940, com 23 anos, inscreveu-se no bacharelado em ciências políticas e sociais na Escola Livre de Sociologia e Política. Essa Escola era então uma instituição pioneira e nela Nogueira estudou com diversos professores estrangeiros (Donald Pierson, Emílio Willems, Radcliffe-
Brown) que estavam contribuindo com o conhecimento que tinham sobre pesquisa, sociologia e antropologia para a constituição das ciências sociais no Brasil e com professores brasileiros como Sérgio
Milliet e Mário Wagner Vieira da Cunha que foram também pioneiros nesse ensino.
Em 1942, Oracy concluiu o bacharelado. Em 1945, o mestrado, na primeira turma formada por