Trabalho
A cifra, publicada em um artigo de revisão na revista científica "Science" desta semana, escancara a importância das queimadas no fluxo de energia global. Os cientistas não sabiam que o fogo tinha tanta importância assim.
O físico da USP (Universidade de São Paulo) Paulo Artaxo conta que na estimativa, feita com o auxílio de modelos computacionais, entraram gás carbônico, metano e óxido nitroso --gases emitidos pela queima de biomassa que ajudam a aprisionar na atmosfera o calor irradiado pela Terra.
No contexto geral, segundo o registro via satélite anual das queimadas propositais, Brasil, Malásia e Indonésia são os países que mais precisam avançar em políticas públicas que controlem o fogo deliberado. "É a forma mais barata e mais rápida para controlar o aquecimento global", afirma Artaxo.
Na liderança
Os cálculos dos cientistas mostram onde estão as fontes de queimadas que mais bombeiam gases de efeito estufa. Entre 1997 e 2006, os trópicos asiáticos contribuíram com 54% das emissões. Dos trópicos americanos, principalmente da Amazônia, saíram 32%. A África fecha a conta com a contribuição de 14%.
Mas é na Amazônia, mais especificamente em Mato Grosso, que está a maior intensidade de focos de calor do planeta. Entre 2000 e 2005, segundo um estudo americano publicado em 2006, Mato Grosso tinha duas vezes mais queimadas que qualquer outra região.
O agravante, diz Artaxo, é que a redução das queimadas na Amazônia, por exemplo, não vai melhorar a temperatura do planeta de forma direta, logo no ano seguinte. A escala de tempo é de décadas. "O carbono que vai para a atmosfera hoje vai sendo acumulado", diz.
O fato de o fogo ser um componente "bastante significativo" para as mudanças climáticas globais não tem implicação apenas para as futuras gerações. Sendo o planeta um ambiente altamente