trabalho e suicidio
Autoria: Marcelo Augusto Finazzi Santos, Marcus Vinícius Soares Siqueira
Resumo
As empresas vêm presenciando, nos últimos anos, ocorrências de suicídios de seus empregados, as quais se atribuem, em boa medida, às conseqüências negativas advindas da nova organização do trabalho. A morte auto-infligida costuma atrelar-se diretamente à presença de desordens psiquiátricas, circunstância que dificulta a análise de tais óbitos sob o enfoque dos fatores sociais que lhes são pertinentes ou, de outro modo, que extrapolem os limites da doença psíquica, como causa primordial de suicídios, e reconheça as circunstâncias laborais anteriores à deterioração mental do indivíduo. O foco deste estudo, portanto, foi avaliar se fatores adversos relacionados à organização do trabalho podem influenciar a decisão do trabalhador em cometer o suicídio, mediante estudo de caso de recente autoimolação de bancário. Analisa-se, assim, se o trabalho poderia ter sido um dos fatores – dentre outros – para o transtorno psíquico. Avaliou-se o significado qualitativo do suicídio, visto que esse tipo de análise produz grande volume de dados e informações sobre o fenômeno pesquisado, permitindo-se compreender detalhadamente a subjetividade inerente aos sujeitos e ao contexto em que os fatos ocorreram. Entrevistou-se o irmão do bancário suicida, pois, além da relação de parentesco, ambos foram colegas de escritório durante mais de 20 anos, circunstância que lhe conferia visão particularmente apurada sobre a trama que resultou na morte, tanto sob o contexto pessoal quanto profissional. Os dados foram analisados por meio de análise categorial, resultando em quatro categorias-síntese. Os resultados evidenciaram os conflitos entre o trabalho e a família, como resultado das ausências sucessivas decorrentes do excesso de trabalho, evidenciando o indivíduo ideologicamente subjugado e dependente da empresa. À medida que o