Trabalho infantil uma realidade que persiste
1 BREVE HISTÓRICO ACERCA DO TRABALHO INFANTIL NA SOCIEDADE MODERNA
A origem do trabalho infantil remonta ao princípio do trabalho humano. Contudo, salienta Martins, (2002, p.45) que na antiguidade, o trabalho do menor se dava, basicamente, no âmbito doméstico, com vistas à aprendizagem de um ofício e de caráter artesanal. Entretanto, o advento da Revolução Industrial, na Inglaterra do século XVIII, provocou o aparecimento de uma nova forma de exploração humana. Na nova sociedade fabril e capitalista, a burguesia detém os meios de produção, enquanto o proletariado possui apenas a sua força de trabalho. Homens, mulheres e crianças passaram a cumprir jornadas de trabalho exaustivas, que podiam chegar a quinze horas diárias.
As conseqüências sociais da Revolução Industrial foram trágicas: com o êxodo rural, a população urbana cresceu de forma vertiginosa, aumentando o número de miseráveis nas ruas. As moradias tornaram-se escassas e caras, fato que contribuiu para a promiscuidade, já que inúmeras famílias ocupavam o mesmo cômodo. Tais habitações não apresentavam condições adequadas de saúde e saneamento, e as epidemias eram constantes (MARTINS, 2002, p. 85).
Nas fábricas, além das péssimas condições de trabalho, desumanas e degradantes, eram comuns os acidentes de trabalho e problemas sérios de saúde gerados pela alimentação deficiente, o cansaço, a insalubridade e o esforço exagerado que era exigido dos trabalhadores. A ausência de alternativas de empregos provocava uma relação de completa dependência dos trabalhadores com “seus patrões”, num regime que pode ser bem comparado ao escravocrata, era comum um grande número de crianças trabalhando em todas as atividades da indústria sozinhas ou junto a suas famílias. Havia uma preferência, por parte dos donos de fábricas, por mulheres e crianças contratadas, devido aos baixos salários e por serem de fácil controle.