Trabalho infantil nos séculos XIX e XX
Ao longo do século XIX a necessidade de sobreviver à miséria levou as famílias operárias a recorrerem ao trabalho de todos os seus membros capazes. eneralizou-se, por isso o emprego das mulheres e crianças, cuja força de trabalho passou a ser preferida pelos patrões, pois recebiam salários mais baixos. Os salários das mulheres e das crianças valiam, respectivamente, cerca de ½ e ¼ do salário de um homem, embora muitas vezes o seu trabalho rendesse o mesmo ao patrão. Mobilizadas para a fábrica a partir dos 4-5 anos, as crianças eram especialmente apreciadas pela sua agilidade e pequena estatura. Podiam, com facilidade introduzir-se nos exíguos espaços entre as máquinas e, com os seus dedinhos, consertar fios rebentados; nas minas rastejavam puxando as vagonetas. Muitas vezes as crianças ficavam cansadas, sonolentas, e não conseguiam manter a velocidade exigida pelas máquinas. Quando isso acontecia, lá estava o contramestre (vigilante) para as chicotear. Também eram castigadas quando chegavam atrasadas ao trabalho ou quando conversavam com outras crianças. A exploração do trabalho infantil era de tal forma alarmante em meados do séc. XIX, que, nas manufacturas metalúrgicas em Birmingham, Inglaterra, era empregado o trabalho de cerca de 30 000 crianças. Eram actividades extremamente insalubres, nas fundições de cobre, na fabricação de botões, nas oficinas de esmaltar, de galvanizar e de laquear. Em Londres, as impressoras de livros e de jornais exigiam um trabalho tão excessivo que eram denominadas de matadouros (MARX, 1985). Em 1866, nas olarias da Grã-Bretanha, a jornada de trabalho durava das 5 horas da manhã até às 8 horas da noite, e chegava-se a empregar crianças de 6 e até de 4 anos, ocupadas pelo mesmo número de horas dos adultos ou mais. Nas fábricas de renda, o trabalho nos domicilios era ainda mais cruel, algumas crianças começavam a trabalhar com menos de 5 anos de idade, enfrentando uma jornada diária de 12 horas