TRABALHO INFANTIL EM CARVOARIAS
No Brasil, o trabalho precoce ainda atinge 3,7 milhões de crianças e adolescentes entre cinco e 17 anos, segundo o IBGE. O enfrentamento ao trabalho infantil, assim como a qualquer violação dos direitos da infância e da adolescência – à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária – deve ser tratado, segundo a Constituição Federal, “com absoluta prioridade”. O texto constitucional institui, ainda, a obrigação de colocar toda criança e todo adolescente “a salvo de toda forma de negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão”. O trabalho arruína a infância de 2,8 milhões de crianças entre 5 e 14 anos no Brasil. É como se toda a população da Região Metropolitana de Salvador fosse de trabalhadores mirins. Engraxates, camelôs, pequenos cortadores de sisal ou de cana, eles estão em cada semáforo e em cada roça do Brasil. Alguns desses "empregos" - entre eles, o trabalho nas carvoarias do Mato Grosso do Sul - são taxados categoricamente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como as "piores formas de trabalho infantil". Como são atividades ilegais, não dá para pôr a mão no fogo por estes dados, mas estima-se que 800 mil crianças vivam esse pesadelo. Tais crianças são os adultos com baixa escolaridade de amanhã. Elas têm quase três vezes mais chances de serem analfabetas que as crianças que não pegam no batente - 20,1%, contra 7,6%. A cada dez, duas sequer põem os pés na escola. A ferida não sara com o passar do tempo. Apenas um quarto dos adolescentes que vão em busca do ganha-pão entre os 15 e os 17 anos tem o ensino fundamental completo. Os que estão matriculados engrossam as cifras da evasão escolar ao primeiro sufoco no orçamento familiar. O entra-e-sai nas escolas e as "bombas" no boletim, em geral, terminam em fracasso: o abandono