trabalho etica
Pode existir desenvolvimento econômico, social e político de uma nação sem obediência aos princípios éticos? Em outras palavras, é possível o desenvolvimento a qualquer custo? Apesar da disseminação da crença em contrário, a História mostra que a resposta é negativa, pois, entendido em seu sentido mais abrangente, o desenvolvimento é impossível sem que dele participem cidadãos honestos, probos e comprometidos com os princípios éticos e morais, gerando um benéfico efeito cascata que, acredito, constitui, se não o único, pelo menos o mais promissor caminho para corrigir as graves injustiças e atenuar as perigosas tensões entre as nações, que marcam este início de século 21.
As reflexões de um dos incontestes líderes mundiais - cujas palavras transcendem a expressiva comunidade católica (perto de 1,2 bilhão de pessoas no mundo, segundo o Anuário Pontifício) - traçam um cenário perturbador, nascido da atual tendência a alijar os conceitos da ética da finalidade maior do esforço humano, que deveria ser a busca da felicidade e da justiça nas relações sociais, e não simplesmente do lucro de vários tipos a qualquer preço, em prejuízo de uma concreta sustentabilidade do desenvolvimento.
Na recente e aguardada encíclica Caridade na Verdade, o papa Bento XVI adverte que, quando prevalece o primado da técnica, a consequência é uma tremenda confusão entre fins e meios: o empresário considerará o máximo lucro na produção; o político, a consolidação do poder; o cientista, o resultado de suas pesquisas; e assim por diante. Em consequência, sob a rede das relações econômicas, financeiras ou políticas, vicejam incompreensões, contrariedades e injustiças, os fluxos dos conhecimentos técnicos multiplicam-se em benefício de seus detentores, enquanto as condições de vida das populações que vivem sob tais influxos - e quase sempre na sua ignorância - permanecem imutáveis e sem assegurar efetiva possibilidade de emancipação.
Como, é evidente, a marginalização