Trabalho Economia
DESEQUILÍBRIO -- Mansões debruçadas no mar da costa leste americana: 400 famílias ganham o mesmo que 150 milhões de pessoas (Foto: Toppersdorf Mathias / Getty Images)
Reportagem de André Petry, de Nova York, publicada na edição impressa de VEJA RICOS, MILIONÁRIOS, BILIONÁRIOS
Com uma renda cada vez mais concentrada, os Estados Unidos apresentam um enigma: como e por que os americanos, apesar do dinheiro mal distribuído, ainda são os gênios da inventividade econômica? Quando saiu o primeiro cálculo sobre a distribuição da renda nos Estados Unidos, em 1915, a reação foi de espanto. Descobriu-se que os americanos que faziam parte do clube do 1% mais rico do país ficavam com 18% da renda nacional. As famílias cujos sobrenomes viraram sinônimo de riqueza – Rockefeller, Carnegie, Vanderbilt, Morgan – moravam em mansões espetaculares e faziam festas monárquicas, mas ninguém imaginava que era tão alta a fatia da renda que elas detinham – 18%!
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Depois disso, houve uma guerra mundial, a depressão que devastou patrimônios e vidas, outra guerra mundial, e os Estados Unidos cruzaram as décadas de 50, 60 e 70 com uma distribuição de renda muito mais igualitária. O país virou o paraíso terrestre da classe média e mesmerizou o mundo com o apelo do american way of life. De lá para cá, houve a Guerra Fria, o desmonte da desigualdade racial nos estados do Sul, o colapso soviético, e os Estados Unidos voltaram ao início: hoje, o 1% mais rico detém uma fatia muito semelhante aos 18% da renda nacional – 18%!
Em outras palavras, os americanos vivem um processo de concentração de renda semelhante ao de quase um século atrás. De 1979 a 2007, a renda do 1% mais rico aumentou 275%. A parcela que esses milionários detêm da renda nacional oscila dramaticamente ao sabor das crises, registrando quedas espetaculares, mas a compensação vem logo que as nuvens mais carregadas somem do horizonte.
NOVA ECONOMIA -- A