trabalho dirigido de direito
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Política exterior e relações internacionais do Brasil: enfoque paradigmático AMADO LUIZ CERVO*
Introdução
Ateoria das relações internacionais, uma disciplina que já foi considerada norte-americana, expandiu-se por centros de estudo em todo mundo. Nossas livrarias exibem manuais que expõem escolas depensamento ou correntes de interpretação, oriundas de grupos localizados nos mais diversos países.1 Em muitas
Universidades, particularmente no Brasil, ainda se confere lugar privilegiado aos autoresnorte-americanos. A influência que deriva sobre a opinião e o modo de ver o tema, salutar por um lado, visto haver-se desenvolvido nos Estados Unidos a reflexão mais consistente sobre as relaçõesinternacionais desde a Segunda
Guerra Mundial, comporta riscos pedagógicos, por outro.
Toda teoria envolve uma visão de dentro das relações internacionais, porque veicula valores, desígnios einteresses nacionais. Por tal razão, uma teoria alheia pode ser epistemologicamente inadequada para explicar as relações internacionais de outro país e, ainda, ao informar o processo decisório, pode serpoliticamente nociva. Tomemos dois exemplos elementares. Se o choque de civilizações, com que Samuel Huntington vê o mundo posterior à Guerra Fria, ou o dilema de segurança, com que R. Jervisinterpreta os problemas da paz e da guerra, convêm como categorias explicativas e inspiração prática para os acadêmicos ou decisores norte-americanos, por óbvio, não convêm aos brasileiros nem comoexplicação das relações internacionais do país, muito menos como referências para o processo decisório2. O conhecimento das relações internacionais compõe o poder como instrumento útil. Para mentescríticas exerce, conseqüentemente, função preventiva diante de ameaças externas da parte de homens de Estado que tiram inspiração de formulações introspectivas, derivadas de culturas ou interesses...