Trabalho de sociologia
Em todas as estruturas de informação a fotografia é a única a ser exclusivamente constituída por uma mensagem “denotada”, pois garante o sentimento de plenitude, tornando a descrição, ao pé da letra, impossível. Então, pode-se acrescentar a linguística. Para Barthes, o paradoxo fotográfico consistia, então, na coexistência de duas mensagens: uma sem código (sem o análogo fotográfico) e a outra codificada – que seria a arte ou o tratamento, ou a escritura da fotografia.
A fonte emissora é constituída pela redacção do jornal, o grupo dos técnicos dos quais alguns tiram a fotografia, outros escolhem-na, compõem-na, tratam-na, e finalmente outros lhe dão um título, a legendam e comentam. O meio receptor é o público que lê o jornal. E o canal de transmissão é o próprio jornal, ou, mais exactamente, um complexo de mensagens concorrentes, das quais a fotografia é o centro, mas cujos contornos são constituídos pelo texto, pelo título, pela legenda, pela paginação e, de uma forma mais abstracta mas não menos «informante», pelo nome do jornal (porque este nome constitui um saber que pode inflectir fortemente a leitura da mensagem propriamente dita: uma fotografia pode mudar o seu sentido passando do Aurore para o L’Humanité). Estas constatações não são indiferentes, dado que vemos bem que aqui as três partes tradicionais da mensagem não convocam o mesmo método de exploração; a emissão e a recepção da mensagem relevam totalmente de uma sociologia: trata-se de estudar os grupos humanos, de definir os motivos, as atitudes, e ensaiar uma forma de