A sociologia, desde o seu início, sempre foi algo mais do que uma mera tentativa de reflexão sobre a sociedade moderna. Suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um forte desejo de interferir no rumo desta civilização. Se o pensamento científico sempre guarda uma correspondência com a vida social, na sociologia esta influência é particularmente marcante. Os interesses econômicos e políticos dos grupos e das classes sociais, que na sociedade capitalista apresentam-se de forma divergente, influenciam profundamente a elaboração do pensamento sociológico. A sua formação constitui um acontecimento complexo para o qual concorrem uma constelação de circunstâncias, histórica e intelectuais, e determinadas intenções práticas. O seu surgimento ocorre num contexto histórico específico, que coincide como derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista. As transformações econômicas, políticas e culturais que se aceleram a partir dessa época colocarão problemas inéditos para os homens que experimentavam as mudanças que ocorriam no ocidente europeu. A dupla revolução que este século testemunha - a industrial e a francesa - constituía os dois lados de um mesmo processo, qual seja, a instalação definitiva da sociedade capitalista. A palavra sociologia apareceria somente um século depois, por volta de1830, mas são os acontecimentos desencadeados pela dupla revolução que a precipitam e a tornam possível. O surgimento da sociologia, como se pode perceber, prende-se em parte aos abalos provocados pela revolução industrial, pelas novas condições de existência por ela criadas. Determinados pensadores da época acreditavam que para introduzir uma "higiene" na sociedade, para reorganizá-la, seria necessário fundar uma nova ciência. A sociologia vincula-se ao socialismo e a nova teoria crítica da sociedade passa a estar ao lado dos interesses da classe trabalhadora. Henri Poicaré referiu-se à sociologia como