Trabalho de Pesquisa
A evolução apresentada na década passada pelo Brasil não é nem atípica, nem significa a tão almejada mudança de paradigma do nosso sistema educacional. Infelizmente, nada aponta para início de um processo rumo à necessária inclusão das camadas desfavorecidas da população por Otaviano Helene e Lighia B. Norodynski-Matsushigue* - Le Monde Diplomatique Brasil (Ed. 43, fev.2011)
UM PROJETO de Lei contendo o novo Plano Nacional de Educação, cuja validade se estenderá pelos próximos dez anos, foi recentemente encaminhado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional, que o deverá apreciar.
Além das lições que deveríamos ter apreendido a partir do não cumprimento das metas do PNE que ora se encerra, convém analisar as informações sobre a realidade educacional brasileira que podem ser extraídas da série histórica das avaliações internacionais organizadas pela OCDE, conhecidas como PISA (Programme for International Student Assessment).
Começando em 2000, o PISA vem avaliando, a cada três anos, jovens de 15 anos, devidamente matriculados em instituições de ensino e que tenham completado pelo menos 6 anos de instrução. Nessa avaliação, que envolve vários países, é considerada a capacidade de absorção e manipulação de informações que são fornecidas por textos escritos, tabelas e gráficos. É evidente que tal capacidade é fator essencial para o sucesso profissional e para a possibilidade de uma inserção crítica na sociedade moderna.
Os resultados apresentados pelos estudantes brasileiros na versão 2009 do PISA suscitaram declarações otimistas dos detentores do poder, repercutidas pelos meios de comunicação. Mas, um olhar mais atento mostra que esse otimismo não se justifica (1).
É verdade que os resultados do Brasil foram melhores em 2009 do que em 2000. Entretanto, isso diz muito pouco. É muito raro um país retroceder em seus indicadores educacionais e isso ocorre apenas como consequência de situações nacionais extremamente graves, como