Trabalho de história
Pedro Henrique Torres Introdução.
O Caderno B do Jornal do Brasil do dia 10 de setembro de 1976 anunciava em letras garrafais: MAO – Poeta, Guerreiro e Líder1. A matéria que preenche todo o caderno traz uma enorme veneração ao líder comunista chinês Mao Tse Tung. Os crimes cometidos em nome da revolução chinesa ou da revolução cultural ainda não tinham vindo a público. Exaltar Mao Tse Tung e tudo que representava a revolução chinesa para o Ocidente na década de 60/70 pareciam uma provocação contra a ditadura militar brasileira. Passados trinta anos, nenhum dos grandes jornais brasileiros fizeram questão de lembrar, ou de nos lembrar, do trigésimo aniversário da morte do líder chinês. A China já não é mais a mesma. Acredito que no momento de excepcional crescimento econômico, nem os próprios chineses fizeram muita festa pela memória de Mao. Nossos jornais, impresso ou televisivo, ao contrário, passaram os três dias que antecederam o dia 11 de setembro, relembrando a queda das torres gêmeas do World Trade Center em Nova York no ano 2001. O que era mais interessante para os meios de comunicação? Nos fazer lembrar a China maoísta ou a queda das torres em Nova York? A memória é objeto de disputa, representa interesses políticos, econômicos e culturais. Por isso, tivemos três dias de “Atentado em NY”. Essa pequena introdução pode parecer bem distante do título de meu trabalho: João Goulart – 30 anos de Silêncio. Mas não é. Exatamente no mesmo ano: 1976, dois expresidentes do Brasil morreram – Juscelino Kubitschek e João Goulart. Juscelino que vislumbrava a possibilidade de voltar à presidência em uma possível eleição de 1965, fora humilhado pelos militares em constantes interrogatórios2. Jango3, apelido de infância do presidente Goulart, jamais retornaria ao país que deixará em 1964.
1 Caderno B. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 10 de Setembro de 1976. 2 MUNTEAL Filho, Oswaldo (Org.) ; FREIXO, Adriano de (Org.) . A ditadura em