Trabalho de conclusão de curso - de amélia à antônia: a representação da mulher no hip hop pelas vias do cinema nacional

1.0 Introdução

A análise de representações de personagens femininos nos filmes tem ocupado um lugar de destaque no que tange às críticas feministas, críticas estas que, por sua vez, proporcionaram uma maior abertura para que o papel da mulher na história do cinema pudesse ser mais explorado. Uma vez que é possível detectar a ausência de papéis femininos fortes que saíssem da visão patriarcal da sociedade, torna-se necessário o olhar lançado nessa direção. As imagens produzidas atualmente pela mídia brasileira deixam claro o quanto é rara a aparição de mulheres no universo hip hop, seja na composição de grupos musicais, de dança ou de grafite. O filme Antônia surge, então, como uma forma de se preencher uma dessas lacunas, debatendo a condição feminina na contemporaneidade e no movimento hip hop. Antônia mostra ainda a difícil inserção dessas mulheres em um cenário predominantemente masculino, portanto ausente de referenciais artísticos femininos. A integração dessas mulheres neste espaço cultural reforça a idéia dessa luta pela aquisição de territórios pertencentes às mesmas por direito, mas que estas nem sempre conseguem conquistar. Studart traça considerações acerca da situação contra a qual a mulher contemporânea luta:

O grande handicap da mulher foi um fato histórico. Aconteceu quando o homem saiu à caça e ela se deixou ficar na caverna, cozinhando e procriando, em plena vegetatividade. O homem lutou, cresceu, criou a charrua e depois a astronave. A ação assegurou o seu desenvolvimento mental. Enquanto isso, a mulher sempre na caverna (que passou a se chamar de lar), esperava, imutavelmente, a volta do caçador. (Studart, 1980, p.10)

A constante disputa de poder entre grupos masculinos e femininos nas mais diversas esferas da sociedade é já sabida. Mesmo com essa diferenciação, as mulheres no hip hop continuaram a cantar, produzir letras, apresentarem-se em shows. Nota-se, então, o fato de que a distinção de