trabalho de biologia
Cícero Émerson do Nascimento Cardoso/URCA/SEDUC Este trabalho apresenta uma análise do poema Adeus à hora da largada, de Agostinho Neto. Nossa intenção é observar os construtos ideológicos presentes nessa obra e discutir como o autor constrói a voz lírica que repudia, expressivamente, a condição servil do povo angolano que fora submisso, por séculos, ao jugo do colonizador português. A voz lírica assume uma dimensão simbólica representativa de uma coletividade vítima de um espaço social que parece opor: o poder do branco versus a subserviência do negro; o domínio do colonizador versus a submissão do colonizado; a opressão do rico versus a alienação do pobre. Angola passa a apresentar uma produção literária proeminente em meados de 1960 e, como reação à passividade vivida ante o domínio luso, alguns autores se destacam ao produzir, quase panfletariamente, obras que discorrem sobre a necessidade de se obter a liberdade política e, consequentemente, afirmar a identidade do seu povo. A literatura produzida nesse período caracteriza-se como um recurso através do qual as insatisfações de autores conscientes do seu papel de propagadores de novos ideais políticos são efetivamente veiculadas. No texto que analisamos, nos deparamos com uma voz lírica que expressa seus dramas existenciais e os infortúnios de sua terra vilipendiada em todos os aspectos e que, no auge dos dramas vivenciados, parece não falar por si mesma, mas por uma coletividade. Essa voz lírica, que fala de sua condição subserviente com perceptível desconforto, em verdade reproduz, em uníssono, a voz do povo angolano que clama por libertação. Discutiremos, a partir disso, como surgem no poema: a aniquilação do sujeito, a depreciação da condição humana e a luta ideológica que, por meio da arte poética, contraria o domínio luso e vislumbra, com esperança, novos horizontes para a história de Angola.