Trabalho Bernardo
Acender as Velas
Zé Keti
Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
É mais um coração
Que deixa de bater
Um anjo vai pro céu
Deus me perdoe
Mas vou dizer
O doutor chegou tarde demais
Porque no morro
Não tem automóvel pra subir
Não tem telefone pra chamar
E não tem beleza pra se ver
E a gente morre sem querer morrer
Análise- motivo da censura
A música Acender as velas, lançada em 1965, é considerada uma das maiores composições do sambista Zé Keti. Esta música inclui-se entre as músicas de protesto da fase posterior a 1964. A letra deste samba possui um impacto forte, criado pelo relato dramático do dia-a-dia da favela. Faz uma crítica social as péssimas condições de vida nos morros do Rio de Janeiro, na década de 1960.
O sambista Zé Kéti cantou o cotidiano dos morros cariocas na década de sessenta. Em 1965 lançou aquela que seria, talvez, a primeira música de protesto do período da ditadura militar: “Acender as velas”. Nela ele denuncia as condições de extrema dificuldade pelas quais passavam os moradores das favelas do Rio naquela época. Claro que, na realidade de hoje, ainda enfrentando problemas sociais graves, é bem diferente do que havia naquele tempo.
“Acender as velas já é profissão/quando não tem samba, tem desilusão”. É marca registrada dos morros cariocas a alegria contagiante do samba. Não obstante as precárias situações de vida, seus habitantes fazem do samba a manifestação de alegria e de festa no seu dia-a-dia. Mas Zé Kéti faz o contra ponto, entre o riso de satisfação e o choro de tristeza. Ele lamenta que, por falta da atenção do poder público, seu povo ficava a mercê da própria sorte e morria sem qualquer amparo social. Eram tão frequentes os funerais nas favelas que o “acender das velas”, em sufrágio das almas, veio a se tornar “profissão” naquelas comunidades. Na ausência de motivos para sambar, surgia a desilusão pela perda de um ente querido, um familiar, um companheiro.
“É mais um coração que