Trabalho 1
Capítulo A.1
O quarto estava trancado. O ambiente interno estava lúgubre e o ar estava pesado. Só havia uma janela no quarto, não era muito grande e nem muito pequena, estava fechada. Cortinas escuras, obstruindo o máximo a passagem da luz enquanto o Sol não se afogava no horizonte. Ele gostava do ambiente escuro. Quando as trevas nos cercam, o medo e a insegurança vêm de modo eletrizante. Enchendo as veias e despertando os sentidos. Medo e adrenalina é uma ótima combinação para os mais audaciosos. A lâmpada estava apagada, nas dava para ter uma visibilidade parcialmente ruim do quarto. Sua mesa ‘Dnats’ estava limpa e com seus materiais da faculdade e livros pessoais. Quem dá nome a uma mesa? Ela era grande, cabia uma folha A2 nela. Foucault, Kierkegaard, Sartre, Kant, Voltaire, Locke, Platão, Alan Moore, Schopenhauer e Nietzsche, uma literatura típica de um estudante de Filosofia. Mas ter tudo era pouco para ele. Ele sabia que cada dia que passava, ele caminhava para abraçar a morte. Γνώση, ele queria cada vez mais conhecimento, o único bem não físico que se pode ter. Intocável, prometido. Ele tinha fome de livros do mesmo modo que uma ninfomaníaca deseja ardentemente por sexo. “A noite está fria. Mesmo sem um vento aqui dentro, posso sentir o frio escalando-me.” Falou calmamente, olhando para o teto. Estava sentado no chão, de pernas cruzadas. Cada mão repousando em cima de cada joelho. As palmas estavam estendidas e os dedos separados. “Frio é psicológico,” soou uma voz, “você vive dizendo isso para os outros.” “E você sabe igualmente que o excesso de logicismo acaba com a poesia da vida, ou do momento.” A voz disse: “Você pode beijar mordendo.” “É vero. Contudo, não há motivo para arruinar um momento pseudo-onírico com lógica ínfima.” Disse o jovem, sem mover os lábios. Ele respirou profundamente, precisava oxigenar-se. Já sentia o nariz formigar. A concentração importava. Ele estava sentado de costas,