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O problema maior tem a ver com a possibilidade de distinguir, com clareza, aquilo que Durkheim chamou de fatos sociais normais e patológicos. As muitas dúvidas que os alunos tiveram é uma forma de reconhecer que a tarefa não é simples. Dúvidas saudáveis! Por quê? Porque essa resposta tem a ver com processos sociais de mudança, e não é tarefa simples apreender os elementos constitutivos das transformações com riqueza de detalhes.
O próprio Durkheim o reconhece. Um texto importante sobre isso é o capítulo III ("Regras relativas à distinção entre o normal e o patológico") do livro As regras do método sociológico". (há na biblioteca da UNIP). Nesse capítulo, o autor afirma: "Não sabemos com uma exatidão, digamos, simplesmente aproximada, em que momento uma sociedade nasce e em que momento morre" (DURKHEIM, 1973, p. 415).
Ao mesmo tempo, penso que há dois outros fatores que complicam nossa vida:
1) A patologia social não pode ser considerada da mesma forma como a doença, em termos biológicos (doença biológica não é o mesmo que doença social);
2) Essa discussão entre o normal e o patológico tem relação com a política, como possibilidade de intervenção sobre a sociedade. Trata-se da relação entre ciência e política, entre saber e ação. O autor fala que não cabe à ciência dizer quais valores as pessoas devem escolher, que atitude tomar, qual a melhor vida a ser vivida. Com um toque de poesia, ele diz que a ciência não pode iluminar os corações humanos. Eles devem iluminar a si próprios. Ao mesmo tempo, ele tem essa atitude porque acha perigoso um cientista (ou qualquer outra pessoa) querer impor um caminho