Toxina botulinica
O comprometimento da contração muscular é responsável pela falta de ar e dificuldade de deglutição que acometem o paciente. Quando a quantidade de toxina é muito grande, a pessoa morre em pouco tempo.
Para entender o que acontece, é preciso lembrar que, entre o músculo e os nervos, há uma placa responsável pela transmissão do estímulo nervoso que produz a contração muscular. A toxina botulínica age nessa placa, dificultando a transmissão do estímulo e levando ao relaxamento da musculatura. É dessa propriedade fisiológica que advém sua utilidade terapêutica. Nos últimos vinte anos, foram apresentados vários trabalhos mostrando que, numa concentração bem baixa, ela pode ser usada para relaxar músculos contraídos, sintoma de patologias como as lesões cerebrais.
Todos conhecem o efeito da toxina botulínica, quando usada com finalidade estética para atenuar rugas do rosto. A musculatura relaxa e a expressão fica menos contraída. Esse é, porém, seu uso marginal, porque há outros muito mais importantes para garantir a qualidade de vida de alguns pacientes.USO TERAPÊUTICO
Drauzio – A aplicação da toxina botulínica com finalidade terapêutica começou há mais ou menos 20 anos. Em que casos ela foi primeiramente utilizada?
Lúcia Helena Mercuri Granero – O uso terapêutico da toxina botulínica teve início na área da oftalmologia. No começo da década de 1980, Dr. Scott, um oftalmologista, publicou o primeiro trabalho sobre o uso dessa toxina para relaxamento de músculos oculares com resultado eficaz no tratamento de estrabismo. Outros estudos se seguiram e, em 1989, foi publicado um