Tomás de Aquino
Aquino toma as ideias como formas de todas as coisas que existem para além das coisas mesmas, mostrando que estas podem desempenhar duas funções: podem ser exemplo daquilo do qual dizem ser forma, ou princípio de conhecimento de si mesmas. Afirma Aquino que é necessário que as ideias, enquanto tais formas, existam na mente de Deus. De facto, possivelmente por influência do modelo aristotélico das 4 causas, Tomas de Aquino defende que todo o agente age mediante um fim e é necessário que esse fim tenha forma. Para agir em vista da forma, o agente deve ter já em si a semelhança dessa forma. Em certos agentes, a forma da coisa a fazer pré-existe segundo o seu ser natural, constituindo uma a acção por natureza, como é o caso do homem que gera o homem ou do fogo que produz o fogo. Noutros casos, esta forma preexiste segundo o ser inteligível que age pelo intelecto, como é o caso da semelhança da casa na mente do arquitecto, a que se pode chamar ideia de casa.
Do mesmo modo, o mundo não é obra do acaso e a acção de deus ao cria-lo é dotada de racionalidade. Mesmo os seres irracionais têm em si a racionalidade divina. É necessário portanto que na mente divina exista uma ideia À semelhança da qual o mundo foi criado.
Tal não se opõe à simplicidade divina uma vez que o intelecto de Deus não é formado por muitas ideias mas sim por uma ideia una que contém em si uma pletora de outras ideias. Esta ideia una é a sua própria essência que Ele conhece perfeitamente, de todas as maneiras em que é cognoscível.
As criaturas podem participar na essência de Deus segundo algum modo de semelhança. Deste modo, Deus, no uno, conhece o múltiplo, não apenas em si mesmo mas também segundo é conhecido, conhece assim as múltiplas razoes das coisas. Para Tomás de Aquino, o conhecimento humano processa-se por abstracção uma vez que cada criatura tem a sua representação própria segundo a qual, de algum modo, participa na semelhança da essência divina.