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Para Rodrigues, o fenômeno não se limitava somente ao campo futebolístico. Segundo ele, "por 'complexo de vira-lata' entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo".[2]
Ainda segundo Rodrigues, "o brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima".[2]
A expressão complexo de vira-lata (traduzida para "the mongrel complex") foi recuperada em 2004 pelo jornalista estadunidense Larry Rohter, que em matéria para o The New York Times sobre o programa nuclear brasileiro, escreveu:
“ Escrevendo nos anos 1950, o dramaturgo Nelson Rodrigues viu seus compatriotas afligidos por um senso de inferioridade, e cunhou a frase que os brasileiros hoje usam para descrevê-lo: "o complexo de vira-lata". O Brasil sempre aspirou a ser levado a sério como uma potência mundial pelos pesos-pesados, e portanto dói nos brasileiros que líderes mundiais possam confundir seu país com a Bolivia, como Ronald Reagan fez uma vez, ou que desconsiderem uma nação tão grande - tem 180 milhões de pessoas - como "não sendo um país sério",[3] como Charles de Gaulle fez.[4] ”
O Brasil estaria assim, desejoso de ser reconhecido como igual no concerto das nações, mas tropeçaria sucessivamente em sua baixa auto-estima, reforçada pelos incidentes folclóricos acima relatados e outros do mesmo gênero ("a capital do Brasil é Buenos Aires", "os brasileiros falam espanhol" etc) sucessivamente cometidos pela mídia e autoridades