Tipos de Linguagem
Linguagem Falada
A compreensão da fala é uma experiência comum, no entanto, esconde processos complexos. Quando exposto a um fluxo de fala, o auditor tem de estabelecer uma relação entre dois universos, que são o universo físico dos sons da linguagem e o universo simbólico dos enunciados.
O processo de reconhecimento da fala consiste, pois, em extrair um sentido a partir de uma onda acústica. A complexidade das operações que subtendem o reconhecimento das palavras resulta, nomeadamente, do facto de, contrariamente à linguagem escrita, a fala ser um fluxo contínuo sem marca explícita de fronteira entre os seus componentes, sejam eles as sílabas, as palavras, ou mesmo, eventualmente, as frases.
Além disso, devido ao fenómeno da co-articulação, as propriedades acústicas dos fonemas estendem-se aos fonemas adjacentes. Assim, diferentes índices acústicos podem dar lugar à percepção de um mesmo som de fala e, inversamente, um mesmo índice acústico pode dar lugar à percepção de sons de fala distintos. Assim, perguntamo-nos como, apesar desta sobreposição das propriedades acústicas, um auditor é capaz de extrair unidades discretas, de categorizar correctamente os fonemas e de isolar palavras na cadeia falada. O problema da continuidade e da ausência de invariância coloca-se a todos os níveis de tratamento: ao nível infralexical, ao nível lexical e ao nível frásico.
Linguagem Escrita
Existe a sensação de que a leitura é um processo elementar que se faz de forma automática e sem etapas intermédias. Ora, quando examinamos em detalhe as representações cognitivas, bem como os processos mentais aplicados no decurso da leitura, esta revela-se de uma extrema complexidade. Assim, existem etapas cognitivas intermédias que se desenrolam entre a entrada sensorial da palavra escrita e a recuperação da sua significação, tal como existem, baixos níveis de tratamento (tratamento visual, codificação ortográfica pré-lexical) e os altos níveis de tratamento