timbila
Curiosamente, porém, são dois outros idiomas que se destacam no filme de Languana: o chope, falado em certas áreas de Moçambique, e o idioma mais universal da música. Timbila & Marimba Chope narra com detalhismo didático o processo de fabricação da mbila, uma espécie de xilofone, instrumento um tanto mítico do país de Samora Machel e declarado pela Unesco como patrimônio imaterial da Humanidade. Ou melhor, quem narra mesmo é o mestre Estêvão, um célebre artesão e tocador de mbila da região de Zavala.
O filme consegue a rara proeza de fazer confluírem simultaneamente duas anotações etnográficas de grande importância: de um lado, os “segredos” da construção da mbila; de outro, a maneira muito particular de Estêvão contar suas histórias, que vale por uma imersão na fabulação do povo da Zavala. Sua prosódia saborosa e o estilo com que apresenta as informações ditam o ritmo “musical” do documentário.
Estêvão é ao mesmo tempo personagem, narrador, entrevistador, mestre de cerimônias e entertainer. Enquanto cede esses papéis ao mestre da timbila, Aldino Languana mantém as rédeas da direção mediante uma exposição progressiva do fabrico de uma mbila, com todas as suas injunções materiais, técnicas e mesmo espirituais. A localização de uma colmeia subterrânea e a coleta da cera especialíssima para colar partes do instrumento (as cabaças de massala) abrem caminho para uma reflexão que transcende o mero artesanato. Uma senhora participa desse processo com sua sabedoria quase mágica, embora não