Tieta
Prof.ª Dr.ª Zélia de Almeida Cardoso
(FFLCHUSP - DLCV)
1. Conceituação de poesia épica: gênero a que se filiam narrativas em verso que têm por assunto fatos heróicos vividos por personagens humanas excepcionais, manipuladas, de certa maneira, pelo poder dos deuses. A tradição grega é responsável por essa conceituação, que se desenvolve com o tempo, fixando-se as características formais do gênero. 1.1. Épica e épos (”epoj): épos = palavra, discurso, voz; palavra proferida; palavra inaugural, criadora, matriz; épea (pl) = poesia épica, épica; épica = relativo a épos, poesia épica; epopéia (™popoi…a; œpoj + poiein = compor um poema épico) = poema épico (raiz indo-européia WEK > WEPOS; cf. uox = voz). 1.2. Finalidade da poesia épica: manter a tradição, registrar os fatos heróicos, garantindo-lhes a sobrevivência; preservar a memória do herói, do ser que se coloca entre a divindade e o homem comum, partilhando da natureza dos deuses (semideus, pessoa de filiação divina) ou operando como instrumento divino; pessoa que realiza coisas que os outros não são capazes de realizar. 1.3. Caráter sagrado da epopéia.
2. A épica e as diferentes culturas: épica natural e artificial.
3. A épica grega. As epopéias homéricas (Ilíada e Odisséia). Aedos (¢oidÒj = cantor) e rapsodos (·ayodÒj = “costurador”, aquele que “costura” canções). Fixação do texto pela escrita. Estabelecimento de modelos. Teorias de Aristóteles.
4. A épica romana. 4.1. Época primitiva (do século VII a.C. a 240 a.C. circ. Cantos heróicos (?) – suposição de Varrão (sec. I a.C.). 4.2. A Odisséia (Odissia) de Lívio Andronico (240 a.C. circ.). 4.3. A épica latina do período helenístico (240 a 81 a.C.): A guerra púnica (Bellum Poenicum), de Névio, e os Anais (Annales), de Ênio; a epopéia nacionalista romana: fusão de história e lenda. 4.4. A épica neotérica de influência alexandrina (sec. I a.C.): Io (Ios), de Licínio Calvo, Argonáutica