TGI What I Loved
What I Loved
Já era de noite quando eu entrei no quarto do Matt naquela noite com um copo de água para pôr na sua mesinha-de-cabeceira. A Erica já o tinha deixado. Aproximei-me e beijei-o na bochecha, mas ele não me deu um beijo de volta. Ele revirou os olhos para o tecto por uns minutos e disse, “Sabes, Pai, estou sempre a pensar em quantas pessoas existem no mundo. Estava a pensar sobre isto entre as entradas do jogo, e fiquei com um sentimento mesmo engraçado, tu sabes, como toda a gente está a ter pensamentos ao mesmo tempo, bilhões de pensamentos.” “Sim”, disse eu. “Uma inundação de pensamentos que não conseguimos ouvir.” “Sim. E depois fiquei com aquela estranha ideia sobre como todas aquelas pessoas diferentes vêem o que vêem apenas um pouco diferente de todas as outras pessoas. “Queres dizer que cada pessoa tem uma maneira diferente de ver o mundo?” “Não, Pai, quero dizer séria e verdadeiramente. Quero dizer que por estarmos sentados onde estivemos esta noite, nós vimos um jogo que era um pouco diferente dos rapazes que se encontravam ao nosso lado a beber cerveja. Era o mesmo jogo, mas eu poderia notar algo que eles não poderiam. E depois eu pensei, se eu estivesse sentado no lugar deles, eu veria qualquer outra coisa. E não só o jogo. Quero dizer eles viram-me e eu vi-os, mas não me via a mim próprio nem eles a eles próprios. Entendes o que quero dizer?” “Entendo perfeitamente o que queres dizer. Pensei muito sobre isso, Matt. O lugar onde estou escapa-me da vista. É o mesmo para toda a gente.