Texto
1. NOÇÕES PRELIMINARES
- Devo mentir em algumas situações ou a verdade deve sempre predominar?
- Se percebo que um colega de trabalho (e amigo) está lesando a empresa devo ou não denunciá-lo ao patrão?
- Os soldados que cometeram crimes de guerra cumprindo ordens de seus superiores devem ser punidos?
- Aviso ou não o colega de trabalho que ele será demitido, já que trabalho em um setor que acessa tais informações antecipadamente?
- Um pai de família desempregado, com vários filhos e a esposa doente recebe uma oferta de trabalho de um traficante. Sabe que a atividade é criminosa, mas está em dificuldades. Aceita ou não o trabalho ilícito?
Essas e outras situações são problemas práticos, do cotidiano de qualquer pessoa. São problemas que se apresentam nas relações efetivas, reais.
Os indivíduos diante de tais dilemas se vêem forçados a pautar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de serem cumpridas.
Destaque-se também que, todo juízo de valor se constrói sobre um arcabouço conceitual. Ex.: comida boa, filme bom. O que é “bom” para algumas pessoas não necessariamente é “bom” para outras.
Tomada a decisão começam os julgamentos, os juízos tais como: “Fulano agiu bem ao se comportar daquela maneira?”
Daí tem-se que os homens passam a refletir sobre esse comportamento prático. Tomam tal fato como objeto de suas reflexões.
Dá-se assim, a passagem do plano da “prática moral” para a “teoria moral”.
Quando se verifica essa transição, passamos a figurar na esfera dos problemas teórico-morais ou éticos.
Se na vida real um indivíduo enfrenta determinada situação, deverá resolvê-la buscando uma norma que reconhece e aceita intimamente.
Será inútil tentar buscar na Ética uma resposta ou uma norma de ação para o caso concreto. Ou seja: não é a Ética que vai oferecer uma solução para uma questão prático-moral. Ela simplesmente dirá o que é um comportamento pautado por normas