Texto "Uma em um milhão"
Minha mãe ligava a TV sempre em um horário, e eu sabia que ela estava esperando alguma coisa, porque eu também estava. A espera era pelo passatempo favorito das pessoas que se encontravam na mesma idade dela, o que não seria delicado de comentar. Havia reviravoltas, amores possíveis e impossíveis, pessoas de todos os gêneros e gostos, tudo isso resumido em um único lugar. A espera era pelas novelas. Eu não sabia exatamente o que fazia essas pessoas ficarem quase a noite toda com suas "bundas" coladas na cadeira, assistindo uma e já ansiando pela próxima. Mas a medida que o tempo passava, eu percebia que o que elas queriam não era deixar de curtir a vida lá fora, mas sim se sentir como a mocinha, ou talvez o vilão... Meu papel ali não era me tornar uma viciada em televisão. O que me atraia mesmo era o que estava por detrás de toda aquela encenação: os textos. Era poder inventar personagens, tramas amorosas, florestas de pirulitos, um planeta onde não tivesse baratas... enfim, eu queria aflorar minha imaginação. Claro que eu naquela época - e ainda agora - não tinha conhecimento de como funcionava para tudo aquilo acontecer. Fiz milhares de testes vocacionais, e minha