Texto Para Sociologia
A escolha do tema para iniciar1 as análises da biotecnologia justifica-se por duas razões: a primeira porque a sua relevância encontra-se no recorte estabelecido ou promovido pelo próprio grupo quanto à abrangência da biotecnologia. Não se trata de todo o cenário possível das produções da biotecnologia que o grupo se dispôs a abordar, mas aqueles que imediatamente, ou no máximo mediatamente, lhe dizem respeito, principalmente o que se relaciona a sua saúde e aos benefícios trazidos pelos artifícios e aparatos tecnológicos. Em segundo lugar porque, de um jeito ou de outro, a razão científica mostrou-se uma constante2 a acompanhar os debates do grupo. Pode-se perceber a influência e força imprimida pela ciência por meio de colocações como “mas a ciência comprova isto”; “se é científico é porque é verdade”; “a ciência ainda vai conseguir resolver isto”; ou “graças à medicina no futuro estas doenças terríveis não existirão mais”3 A partir destas falas, e de tantas outras existentes, ganha visibilidade a função legitimadora e os efeitos de verdade produzidos pela tecnologia científica.
Adotada como espécie de denominador comum, um fato consensual, este processo atravessa todo o espaço recoberto pela biotecnologia e seus achados, celebrando com otimismo a chegada da “nova realidade científica”.
Bauman (1998) alerta para os sentidos do estado de evidência das coisas em si mesmas, um processo ubíquo e axiomático que podemos, a partir de sua colocação, aplicar também ao modelo científico.
[...] o lugar de honra pertence à suposição das “perspectivas recíprocas”. Aquilo