Texto para as questões de 5 a 7
1 Poucos depoimentos eu tenho lido mais emocionantes que o artigo-reportagem de Oscar Niemeyer sobre sua experiência em Brasília. Para quem conhece apenas o arquiteto,
4 o artigo poderá passar por uma defesa em causa própria — o revide normal de um pai que sai de sua mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem bater. Mas, para
7 quem conhece o homem, o artigo assume proporções dramáticas. Pois Oscar é não só o avesso do causídico, como um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em
10 minha vida.
Sua modéstia não é, como de comum, uma forma infame de vaidade. Ela não tem nada a ver com o conhecimento
13 realista — que Oscar tem — de seu valor profissional e de suas possibilidades. É a modéstia dos criadores verdadeiramente integrados com a vida, dos que sabem que não há tempo a
16 perder, é preciso construir a beleza e a felicidade no mundo, por isso mesmo que, no indivíduo, é tudo tão frágil e precário.
Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará
19 um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do
Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes da
22 Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz
25 dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver.
Eu acredito também nisso, e quando vejo aquilo em que creio refletido num depoimento como o de Oscar
28 Niemeyer, velho e querido amigo, como não me emocionar?
Vinicius de Moraes. Para viver um grande amor.
Rio de Janeiro: J. Olympio, 1982, p. 134-5 (com adaptações).
*QUESTÃO 6*
Julgue (C ou E) os itens a seguir, relativos às estruturas linguísticas do texto.
1 - Ao empregar as expressões “Papai do Céu” (R.18) e
“verdes pastagens do Paraíso” (R.19-20), o autor do texto demonstra neutralidade em