Texto, memória e subjetividade
BARTHES, Roland. A Morte do Autor. Texto publicado em: O Rumor da Língua. São Paulo: Martins Fontes, 2004. O texto apresenta múltiplas escrituras, resultado de diferentes culturas que dialogam entre si. Barthes cita que “a escrita é a destruição da voz, de toda origem”, assim sendo é, o corpo que escreve, o indivíduo/sujeito físico tem sua identidade oculta neste processo, perde seu poder de voz. Barthes não negou a existência do autor, mas vê o texto como um espaço neutro no qual o sujeito é lançado, podendo decifrar os signos conforme sua visão, seu contexto, seu conhecimento de mundo. Daí a morte, a perda da identidade do autor, pois a partir do momento em que sua obra é disponibilizada para leitura, quem a lê coloca nela suas marcas, contrastando com a postura de elevação do autor por parte do positivismo na literatura. No processo de morte do autor, a linguagem é quem pronuncia e não o escritor, indiferentemente se ao escrever ele registrou sua história, seus ideais... Barthes diz que “a escrita se vale de uma impessoalidade permitindo ao leitor interpretá-la, apagando as marcas do autor em proveito da escrita”. Entra nessa etapa a contribuição do Surrealismo, que abre espaço para o sujeito do discurso. O escritor nasce com o texto, mas morre com quando ele é colocado em circulação. Morrendo o autor, espaços na obra ficam abertos e serão preenchidos pelo sujeito que a lê. Surge o nascimento de uma nova identidade, e na leitura e análise, o leitor tem o direito de esgotar as possibilidades do texto livremente, pois segundo Barthes, “texto é uma célula de citações montadas de inumeráveis