Texto Enxaqueca
Caren Medeiros
Pesquisadores americanos descobriram porque a ENXAQUECA piora com a luminosidade. Pela primeira vez, estabeleceram uma relação direta entre células da retina sensíveis à luz e neurônios que desempenham um papel essencial na percepção da dor durante as crises.
A descoberta foi publicada na revista Nature Neuroscience e pode ajudar na busca de terapias para diminuir a fotofobia - repulsa à luz - dos pacientes. Uma boa notícia para pessoas como a advogada Karem Nogueira, de 31 anos, que há 17 sofre de ENXAQUECA. "A luz é, sem dúvida, o que mais incomoda."
Rami Burstein, da Universidade Harvard, percebeu como muitos cegos que tinham ENXAQUECA também desenvolviam fotofobia durante as crises. A exceção ficava por conta de quem perdera o globo ocular ou o nervo ótico, o que impossibilita completamente o envio de sinais sensitivos para o cérebro.
Burstein formulou então uma hipótese. A piora na ENXAQUECA deveria ser causada pela detecção da luz através de canais que não capitam a imagem, mas apenas a luminosidade.
Havia uma suspeita: no fundo da retina, existem neurônios especiais conhecidos como células ganglionares. Alguns deles possuem sensibilidade à luz graças a um pigmento chamado melanopsina - o que só foi descoberto em 2002. Não servem para formar imagens, mas avisam o cérebro quando é dia ou noite, mesmo com as pálpebras fechadas. Também controlam a dilatação da pupila.
Se a hipótese de Burstein estivesse correta, explicaria porque pessoas cegas, mas com as células ganglionares intactas, desenvolvem fotofobia durante crises de ENXAQUECA.
Para verificar a ideia, os cientistas usaram ratos e fizeram testes que envolveram microscopia e dissecações. Eles comprovaram que algumas células ganglionares sensíveis à luz lançam conexões até uma região do cérebro conhecida como tálamo.
Durante as crises de ENXAQUECA, o tálamo recebe sinais de dor e os redistribui para o cérebro. Os cientistas mostraram que as conexões