Texto de geografia
Miriam Lifchitz Moreira Leite Professora Aposentada do Departamento de História – USP Assessora do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia Visual – USP
A década de 1990 contou com enorme safra de trabalhos diversificados sobre os viajantes do século XIX, já considerados como cientistas ou artistas de uma fase das Ciências Físicas e Naturais, implantadas internacionalmente, com propostas de conhecimento dos continentes e oceanos do globo. Tratados individualmente, como autores e pintores, já contribuíam assistematicamente para o conhecimento histórico ou geográfico das regiões percorridas. Considerados coletivamente, como estudiosos de regiões menos conhecidas do globo, começaram a ser analisados política, econômica e socialmente. Passaram a ser fontes de conhecimento da perspectiva de suas regiões de origem e como instrumentos de colonização e exploração dos países visitados. Quase sempre as expedições de reconhecimento de novas áreas do globo incluíam cientistas e artistas, profissionais e diletantes, mesmo porque é durante o século XIX que ciência e arte passam a se distinguir, e as ciências naturais iniciam sua profissionalização e especialização. Muitos dos trabalhos realizados foram feitos por amadores e a História Natural dos naturalistas da primeira metade do século XIX incluía toda a Natureza – desde Astronomia, Climatologia, Hidrografia, Botânica, Zoologia, Geologia, sem deixar de lado o estudo do Homem encontrado, costumes, línguas e recursos de sobrevivência. A presença de pintores e desenhistas nas expedições era indispensável, dadas as dificuldades de descrever e nomear homens, plantas e animais desconhecidos. As palavras dos viajantes nem sempre correspondiam ao vocabulário nativo do país visitado e as espécies encontradas tinham de ser reproduzidas idênticas e em todos os mínimos detalhes a fim de que fosse possível